Boa noite, queridíssimos.
Não nos conhecemos pessoalmente ainda, mas tenho certeza de que nos daremos muito bem.
Esta matéria que estou enviando contempla nosso currículo. Tentei colocar o mais breve possível, com exemplos para deixar tudo mais claro para vocês. Abram e tentem fazer com carinho. Quando acabarem, vocês podrão me enviar um e-mail com as respostas para que eu lance as notas de vocês, tudo bem?
Sabemos que com a ferramenta da internet fica muito fácil colar as respostas, mas gostaria muuuuito muito mesmo que vocês tentassem. Façam um esforcinho, por nós duas - a língua portuguesa e eu!
Com muito amor e carinho,
Professora Jéssica Saraiva ♥
E.E.
DEPUTADO JOSÉ STORÓPOLI
ASSUNTO:
FIGURAS DE LINGUAGEM – CONTEÚDO PARA O 9º ANO E.F.
PROFESSORA:
JÉSSICA SARAIVA – LÍNGUA PORTUGUESA
Queridos alunos, sei que
não nos conhecemos ainda e que vocês provavelmente devem estar pensando: “Que
moral essa professora tem para nos pedir para fazer atividades em plena
quarentena?”, mas eu tive um bom motivo. Para quem não sabe, tive uma linda bebezinha
no fim do ano passado e estava em período de licença. Peço desculpas por terem
ficado sem aula por todo esse tempo, mas eu prometo que tentarei compensá-los.
Este assunto que escolhi para vocês é tranquilo, e escolhi um jeito simples de
explica-lo. Como temos seis aulas semanais, acredito que a explicação valha por
este tempo e os exercícios os ajudarão a entender tudinho. Contem comigo caso
tenham alguma dúvida! ♥
As figuras de linguagem são
recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar a linguagem mais
rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza,
traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de
linguagem exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o
sentido não literal das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e
até mesmo, organizam orações, afastando-a, de algum modo, de uma estrutura
gramatical padrão, a fim de dar destaque a algum de seus elementos. As figuras
de linguagem costumam ser classificadas em figuras de som, figuras de construção e figuras de palavras
ou semânticas.
Para dominarmos o uso das figuras de
linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado, os conceitos de
denotação e conotação.
Denotação
Ocorre denotação quando a palavra é
empregada em sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade
concreta ou imaginária.
Ex.: Já
é a quinta vez que perco as chaves do
meu armário
Aquela sobremesa
estava muito azeda,
não gostei.
Conotação
Ocorre a conotação quando a palavra é
empregada em sentido figurado, associativo, possibilitando várias interpretações.
Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de atribuir às palavras
significados diferentes de seu sentido original.
Ex.: A
chave da questão é você ser
feliz independente do momento
Margarida é uma
mulher azeda,
está sempre de péssimo humor.
Podemos perceber que as palavras chave
e azeda ganham novos sentidos além dos quais encontramos nos dicionários. O
sentido das palavras está de acordo com a ideia que o emissor quis transmitir.
Sendo assim, a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos
significados ao sentido denotativo da palavra.
FIGURAS DE SOM OU SONORAS
As figuras de som ou figuras sonoras
são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para reproduzir os sons
presentes nos seres. São as seguintes: aliteração, assonância, paronomásia e
onomatopeia.
Aliteração:
consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
Ex.:
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba,
boi berrando...Dança doido, dá de duro,
dá de dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)
Assonância:
consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.
Ex.:
“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando
Pessoa)
Paronomásia:
consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados
distintos.
Ex.:
“Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”.
(Almir Sater e Renato Teixeira)
Onomatopeia:
consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura que
procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.
Ex.: Chega
de blá-blá-blá-blá!
É importante destacar que a existência
de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um mesmo texto podemos
encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia. Até aqui,
entendido?
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU SINTAXE
As figuras de construção ou figuras de
sintaxe são desvios que são evidenciados na construção normal do período. Elas
ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos termos da oração. São as
seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto, anacoluto,
hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.
Elipse:
consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
Ex.: Na
sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)
Zeugma:
ocorre quando se omite um termo que já apareceu antes. Ou seja, consiste na
elipse de um termo que antes fora mencionado.
Ex.: Nem
ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão do termo entendemos)
Pleonasmo:
é uma redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
Ex.:
“E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)
Outros exemplos bem comuns são: Subir
para cima, descer para baixo, entrar para dentro, elo de ligação, sair para
fora, etc.
Assíndeto:
é a supressão de um conectivo entre elementos coordenados. Ou seja, ao invés de
conjunções, são colocadas vírgulas entre as orações.
Ex.: “Todo
coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)
Acordei, levantei,
comi, saí, trabalhei, voltei.
Polissíndeto:
consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do
período. Ou seja, é o oposto do assíndeto.
Ex.:
“...e planta, e colhe, e mata, e vive, e
morre...” (Clarice Lispector)
Anacoluto:
consiste em deixar um termo solto na frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia
uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
Ex.: “Eu,
que me chamava de amor e minha esperança de amor.”
“Aquela mina de
ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (Camilo
Castelo Branco)
Os
termos destacados não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a
frase, não cumprem nenhuma função sintática nos exemplos.
Hipérbato ou Inversão:
consiste no deslocamento dos termos da oração ou das orações no período. Ou
seja, é a mudança da ordem natural dos termos na frase.
Ex.: São
como cristais suas lágrimas. à
Ao invés de: Suas lágrimas são como cristais. (mais comum)
Batia acelerado meu
coração. à Ao invés de:
Meu coração batia acelerado.
Então
a frase perde sua forma direta e fica indireta, daí o nome “inversão”.
Hipálage:
ocorre quando se atribui a uma palavra uma característica que pertence a outra
da mesma frase:
Ex.: Esse
sapato não entra no meu pé! (= Eu não entro nesse sapato!)
Essa
blusa não cabe em mim. (= Eu não caibo mais nessa blusa.)
Anáfora:
é a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias orações,
períodos ou versos.
Ex.: “Tudo
é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)
Silepse:
ocorre quando a concordância se faz com a ideia subentendida, com o que está implícito
e não com os termos expressos. A silepse pode ser dividida em gênero, número e
pessoa. Vejamos:
ü Gênero:
Ex.: Vossa excelência é pouco conhecido.
(concorda com a pessoa representada pelo pronome)
ü Número:
Ex.: Corria gente de
todos os lados, e gritavam. (gente dá ideia de plural, gritavam concorda
com “gente”)
ü Pessoa
Ex.: Os brasileiros somos
bastante otimistas. (brasileiros dá ideia de nós (1º p. do plural) somos, 1º p.
do plural “concorda” com “somos”)
FIGURAS DE PALAVRAS
OU SEMÂNTICAS
Consistem no emprego de uma palavra
num sentido não convencional, ou seja, num sentido conotativo. São as
seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, antonomásia, sinestesia,
antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo, perífrase,
apóstrofe e ironia.
Comparação ou símile:
ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se
identificam, ligados por nexos comparativos explícitos, como “tal qual”, “assim
como”, “que nem”, etc. A principal diferenciação entre a comparação e a
metáfora é a presença dos nexos comparativos.
Ex.: “E
flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)
Metáfora:
consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base
numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na
metáfora ocorre uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
Ex.: “Meu
pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)
Catacrese:
ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito,
toma-se outro por empréstimo.
Ex.: Ele
comprou dois dentes de alho para colocar na comida.
O pé da mesa
estava quebrado.
Não sente no braço
do sofá.
Metonímia:
assim como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma
palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser utilizada com outro
sentido. Ou seja, é o emprego de um nome por outro em virtude de haver entre
eles algum relacionamento. A metonímia ocorre quando se emprega:
Ex.: A
causa pelo efeito: vivo do meu trabalho (do produto do trabalho =
alimento)
O efeito pela causa:
aquele poeta bebeu a morte (= veneno)
O instrumento pelo
usuário: os microfones corriam no pátio = repórteres).
Antonomásia:
É a figura que designa uma pessoa por uma característica, feito ou fato que a
tornou notória.
Ex.: A
cidade eterna (em vez de Roma)
Sinestesia:
Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos
sensoriais.
Ex.: Um
doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)
Antítese:
é o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.
Ex.: Os
jardins têm vida e morte.
Eufemismo:
consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.
Ex.: Ele
sempre faltava com a verdade. (= mentia)
Gradação ou clímax:
é uma sequência de palavras que intensificam uma ideia.
Ex.: Porque gado a gente marca,
tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é
diferente.
Hipérbole:
trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Ex.: Estou
morrendo de sede! (Será que morre mesmo?)
Não vejo você há séculos!
(Será que faz tanto tempo assim?)
Prosopopeia ou personificação:
consiste em atribuir a seres inanimados características próprias dos seres
humanos.
Ex.: O
jardim olhava as crianças sem dizer nada. (Como um jardim pode olhar as
crianças?)
Paradoxo:
consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem excluir-se
mutuamente, mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.
Ex.: Estou
cego, mas agora consigo ver.
Perífrase:
é uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas características
ou atributos.
Ex.: O ouro negro foi o grande
assunto do século. (= petróleo)
Apóstrofe:
é a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados.
Ex.: “Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me
vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
Ironia:
é o recurso linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se pensa.
Ex.: Que pessoa educada! Entrou
sem cumprimentar ninguém.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TERRA, Ernani. Minigramática.São Paulo: Scipione, 2007.
ALMEIDA, Nílson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para
concursos. São Paulo: Saraiva, 2009.
EXERCÍCIOS
1. Identifique
qual das alternativas trata-se de metáfora:
a) Eles
morreram de rir daquela cena.
b) Aqueles
olhos eram como dois faróis acesos.
c) Ah!
O doce sabor da vitória!
d) Aquele
velho é uma raposa!
2. "Muito
bom aquele encanador. Colocou em nossa casa vários canos furados.".
Esta frase trata-se de qual tipo de figura de linguagem?
a) Metonímia
b) Ironia
c) Indireta
d) Antítese
3. A
figura de linguagem que ocorre no trecho "A voz
áspera daquele cantor nos fazia ter vontade de morrer" ocorre em
qual outro destes?
a) Aquela
melodia era música nos meus ouvidos.
b) Sentia
o cheiro bom das flores.
c) Cada
vez que ela chegava perto, sentia o cheiro doce daquele perfume horrível.
d) Todos
podiam ver como ela era parecida com sua vizinha.
4. Quais
figuras de linguagem temos neste texto: "Às
sete horas da manhã, a rua acordava. Era possível ouvir o grito irritantes
daquelas lindas crianças que choravam rios de lágrimas enquanto suas mães
terminavam de preparar o café da manhã. O brilho do sol naquele dia ensolarado
não era suficiente para animar os adultos, que acordavam com o 'trim' do
despertador para trabalhar."?
a) Personificação
- Ironia - Hipérbole - Pleonasmo - Onomatopéia
b) Metáfora
- Sarcasmo - Sinestesia - Hipérbole - Pleonasmo - Zeugma
c) Metonímia
- Indireta - Sinestesia - Hipérbole - Pleonasmo - Zeugma
d) Personificação
- Indireta - Sinestesia - Hipérbole - Pleonasmo - Onomatopéia
5. "Aquela
personagem da novela é complicada: ela chora, e grita, e sofre, e teima, e
perde, e ganha, e casa, e separa. Nunca vi igual.".
O trecho exemplifica qual figura de linguagem?
a) Assíndeto
b) Hipérbole
c) Polissíndeto
d) Anáfora
6. Se
o polissíndeto e a anáfora tem em comum a repetição, qual a diferença entre
essas figuras de linguagem?
a) A
anáfora tem uma repetição, mas não das conjunções. Elas são omitidas nesta
figura de linguagem.
b) A
repetição da anáfora é somente de sons, como 'três tigres comem três pratos de
trigo', onde o som repetitivo do R é evidente.
c) A
afirmação está incorreta. A anáfora não tem repetição e é completamente oposta
ao polissíndeto porque omite as conjunções.
d) A
anáfora é uma figura de linguagem que tem repetição de palavras e expressões.
Ela não se prende só às conjunções.
7. Se
omitirmos as conjunções na frase "Aquela
personagem da novela é complicada: ela chora, e grita, e sofre, e teima, e
perde, e ganha, e casa, e separa. Nunca vi igual.", temos qual
figura de linguagem?
Resposta:
___________________________________________________________________
8. Na
frase "Não tenho mais Maizena em casa",
qual figura de linguagem é empregada?
a) Metáfora
b) Metonímia
c) Elipse
d) Zeugma
9. "É
como mergulhar num rio e não se molhar" (Skank); "Tristeza não tem
fim, felicidade sim" (Vinícius de Moraes). As
frases acimas são exemplos de:
a) Antítese
e Zeugma
b) Paradoxo
e Paradoxo
c) Paradoxo
e Antítese
d) Antítese
e Antítese
e) Zeugma
e Paradoxo
10. "Aquele
ser desprovido de inteligência era como palhaço: não queria saber de nada, só
contava piada e fazia graça até que todos morressem de rir. Era uma situação
difícil, até uma porta pensa mais que ele!".
O texto possui as seguintes figuras:
a) Eufemismo
- Comparação - Hipérbole - Personificação
b) Zeugma
- Metáfora - Hipérbole - Personificação
c) Eufemismo
- Metáfora - Hipérbole - Personificação
d) Metonímia
- Comparação - Hipérbole - Personificação
e) Nenhuma
das alternativas corresponde às figuras do texto.
11. Quando
um elemento é omitido num texto sem que se perca o sentido, como na frase
"Sobre a cama, cobertores e lençóis limpos.", temos:
Resposta:
___________________________________________________________________
12. Se
a elipse consiste na omissão de um elemento, qual a diferença entre ela e
zeugma, que pressupõe também uma omissão?
a) Não
há diferença, Zeugma e elipse são a mesma figura de linguagem.
b) Zeugma
pressupõe apenas a omissão de conjunções, enquanto a elipse omite qualquer
elemento.
c) A
Zeugma, na verdade, não omite nenhum termo. Ela é uma repetição de elementos
que já foram ditos.
d) Zeugma
pressupõe a omissão de elementos que já foram mencionados anteriormente.
13. "O
rato roeu a roupa do rei de roma". Qual é a figura
de linguagem desta frase?
a) Aliteração
b) Gradação
c) Onomatopéia
d) Anáfora